Marlene MONTEIRO FREITAS (n. 1979)

Nasceu em Cabo Verde onde co-fundou o grupo de dança Compass. Estudou dança na E.S.D. (Lisboa), na P.A.R.T.S. (Bruxelas) e na Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa). É co-fundadora da P.OR.K, estrutura de produção estabelecida em Lisboa. Em 2017 recebeu o Prémio para a Melhor Coreografia da S.P.A. e em 2018 recebeu um Leão de Prata da Bienal de Veneza.
Criou as peças Bacantes - Prelúdio para uma purga (2017), Jaguar (2015; com A. Merk), de marfim e carne - as estátuas também sofrem (2014), Paraíso - colecção privada (2012-13), (M)imosa (2011; com T. Harell, F. Chaignaud e C. Bengolea), Guintche (2010), A Seriedade do Animal (2009-10), Uns e Outros (2008), A Improbabilidade da Certeza (2006), Larvar (2006) e Primeira Impressão (2005).
Fora de Portugal, é presença regular em Paris (Centre Pompidou, Festival d'Automne, etc.), Toronto (Festival TransAmériques), Montpellier (Montpellier Danse), Helsínquia (Zodiak), Bruxelas (Kunstenfestivaldesarts), Lausanne (Arsenic), Zurique (TanzHaus), no Brasil e nos EUA, o seu trabalho já viajou até ao Chile, Coreia do Sul, Japão, Cabo Verde, entre outros.
A respeito da sua performance no (M)imosa, o New York Times falou de "uncanny", ou seja de "inquietante estranheza". Com efeito, as constantes metamorfoses, o gosto pelo grotesco, a expressividade do seu rosto e do andar nas suas peças, a intensidade, conferem a esta artista um lugar singular na criação coreográfica internacional.
Em Guintche tudo parece desarticulado: parte inferior e superior do corpo, primeira e segunda parte da peça. Esta rodopia ao ritmo estonteante das percussões para desembocar numa misterioso deambular.
Em Paraíso - colecção privada ela é domador e mágico, maestro e toureiro, trágica, cómica e sempre estranha e inesperada; e é assim que Purcell desemboca em samba.
Em de marfim e carne - as estátuas também sofrem os universos da música pop / tecno e renascentista cruzam-se para suportar uma coreografia em que tudo se encontra em perpétuo e muito amplo movimento de transformação.
Em Jaguar explora-se e de forma notável amplia-se o universo expressivo do panejamento, em que a prosaica toalha seja se apresenta com tal, como esvoaçante lençol, sudário ou cómico adereço. Schoenberg e Stravinsky têm nesta obra notável tratamento coreográfico, a par de Bowie, música africana, entre tantos outros.

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